Atualmente fala-se muito
em informação. Dizem até que informação é poder. Há um apelo para que as
pessoas se informem cada vez mais sobre diversos temas. O homem informado é o
homem moderno, atual.
O que não se cogita, porém,
é o que se faz com a informação obtida. Há pessoas que usam a informação para
prejudicar, outras para dominar, outras, ainda, para impor medo, tecer as teias
da situação conforme suas conveniências e por aí vai.
Quero, portanto, tocar
neste ponto no que se refere a informação: o que fazemos ao receber uma
informação? Como a tratamos? Qual o destino que damos a esta informação?
Responder essas questões
provavelmente aprofunde um pouco mais o tema informação, pois que da maneira
como é tratado fica ainda no terreno do superficial.
Quando vamos, por
exemplo, para um tema como o suicídio em que sabemos ser fundamental a
informação para que se previna o tal ato, entendemos que é preciso avançar um
pouco mais neste debate, pois que não basta apenas trazer a informação no que
toca ao suicídio, mas saber como utilizar esta informação, dando-a, sempre, de
forma adequada, haja vista que se trata de uma situação que interfere de forma
capital na vida de muita gente.
o suicídio, portanto,
ficou ao longo do tempo relegado a tabu, o tipo de tema que não pode ser
abordado, posto que, ao abordá-lo poder-se-ia promover seu estímulo. Jogado
para debaixo do tapete no debate público ficou um mero desconhecido, o que
ajudou a estigmatizar tanto o indivíduo que o cometeu quanto sua família.
Eis que, de uns tempos
para cá, resolveu-se abrir as comportas e falar sobre o suicídio, pois ficou
entendido por estudiosos que a melhor forma de prevenir é com a informação.
Agora, porém, voltamos ao
ponto inicial do texto: a informação.
Não é qualquer informação
que previne o suicídio, mas a informação bem utilizada, dada de forma adequada
e tratada com seriedade. A grande questão não é a informação em si, mas o que
se faz com ela. Trago, novamente, as questões acima:
O que fazer com a informação?
Como a tratamos? Qual o destino que damos a esta informação?
No que se refere ao
suicídio, essas indagações ganham ainda mais importância para podermos
compreender que além da informação é preciso sensibilidade, pois estamos
lidando com a dor.
De modo que divulgação de
cartas, fotos, métodos utilizados para o suicídio são péssimas informações a
serem trazidas ao público.
Perceberam como não é
apenas trazer a informação, mas a forma como a trazemos?
Devemos, sim, falar de
esperança, vida, possibilidades de tratamento, histórias de superação. Devemos
contar que é possível, sim, vencer a ideação suicida, há tratamentos para isto,
tanto no campo da matéria quanto no campo da alma.
Imagine alguém com
ideação suicida vendo uma matéria de jornal, postagem em facebook ou coisas do
tipo em que se relata a forma como o indivíduo cometeu o suicídio e se divulga
a carta deixada aos familiares.
Agora, porém, imagine
alguém com ideação suicida vendo uma matéria de jornal ou postagem no facebook
que relata uma história de superação, de alguém que conseguiu vencer esta
vontade de interromper a existência.
Perceberam a diferença?
Informação é poder?
Até pode-se dizer que
sim, mas para que seja um poder que transforme de maneira positiva a vida de
alguém é necessário que se saiba utilizá-lo.
Antes de falar qualquer
coisa repare, ainda mais no que concerne ao suicídio, se o que dirás trará dor
ou alívio. Ansiedade ou serenidade. Vontade de viver ou deixar de viver.
Pensemos nisto.