O
tema suicídio sempre me chamou atenção, tanto que, no ano de 2011, junto com
dois amigos escrevi a obra “Evite a rota do suicídio”.
Desde
este tempo, portanto, que tenho me dedicado ao estudo da referida temática, que
tem seu mês de prevenção celebrado em setembro, mas que, registre-se, esta
prevenção deve ser estendida para todos os meses ano, num constante e amplo
trabalho de fazer com que se desperte para a real finalidade da existência
humana na Terra.
Por que é importante estender para
todos os meses a prevenção ao suicídio?
Porque
o número de pessoas que exterminam a própria vida todos os dias em nosso
planeta é imensurável.
Sim,
imensurável porque não se tem todos os registros de pessoas que pedem demissão
da vida, porquanto, ainda tabu, os suicídios não são amplamente contabilizados.
Há, ainda, a questão que envolve o preconceito diante do tema o que faz com que
não seja notificado o suicídio.
E
para ajudar mídia e sociedade tratam de atirar o tema para debaixo do tapete
não o abordando com a seriedade devida, pois entendem que falar sobre o
suicídio aumentará o número de casos.
Entretanto,
consideremos que há formas e formas de abordar o tema.
É
a informação sobre alguma coisa que abrirá os olhos das pessoas para saberem
onde estão pisando.
Portanto, desnecessário falar sobre suicídio mostrando como
as pessoas se autoexterminaram, fazendo sensacionalismo, mas fundamental falar
sobre como superar os dilemas existenciais, uma das causas do suicídio.
É
bom entendermos que a vida na Terra tem seus altos e baixos, dias que são
noites chuvosas e densas. Nem só de alegrias se faz nossa existência e saber
disso já é um bom caminho percorrido para não se desesperar diante dos
problemas.
Diz-nos
Allan Kardec que os maus dias serão inevitáveis!
Enfermidade,
grana curta, o amor que nos abandonou, o familiar que partiu, a maré que não
está lá grande coisa... Todas essas situações fazem parte de nosso rol de
provação ou expiação neste mundo e que devem ser enfrentadas para que possamos
progredir. A fuga não gera o progresso, mas o enfrentamento sim, este traz
crescimento.
No
questionário que desenvolvemos para saber quais são os problemas que mais
apoquentam o ser humano fizemos a seguinte indagação aos entrevistados:
Qual é o problema que mais
apoquenta e gera intranquilidade à alma humana?
A
esmagadora maioria das respostas aponta que o problema mais difícil de lidar é
o familiar. Problemas financeiros aparecem atrás do familiar e relacionamento
amoroso.
Se
uma vida sem problemas é impossível, que ao menos possamos estreitar os laços
de família e “ouvir uns aos outros”, deixando a existência um pouco mais leve e
saborosa de se levar.
O que as pessoas que apresentam
ideação suicida gostam e não gostam de ouvir quando a ideia se faz mais forte?
O professor Neury José Botega, que pesquisa
sobre o tema suicídio, informa que, em geral, aqueles que têm a ideação suicida
não apreciam conselhos no sentido "lição de moral", coisas do tipo:
Não faça isso! Você ainda é jovem,
deve viver bastante! Cadê o seu Deus?
As
respostas que recebemos dos questionários vão ao encontro do que diz o
professor Neury, ou seja, mais atrapalha do que ajuda ideias de cunho
moralista.
O
bom e velho ouvido, em muitos casos, é elemento mais eficaz na prevenção ao
suicídio do que a língua.
E com relação ao preconceito? O
preconceito pode levar alguém a cogitar o suicídio?
Uma
das perguntas do já citado questionário é feita para saber se o indivíduo, por
conta da cor de sua pele, sente-se discriminado.
Porém,
pelas respostas, percebo que a questão do preconceito vai além da cor de pele.
Em geral, os entrevistados aproveitam a pergunta para informarem que sentem
preconceito por estarem acima do peso, pobres ou homossexuais.
Em
virtude disso sou obrigado, novamente - já o fiz em livros - a defender o
comedimento na forma em que lidamos com uma espécie de humor, ou melhor, as piadas.
Não pode ser humor aquilo que alguns dão risada à custa da característica de
outros. Isso não é humor, mas puro sadismo. E não falo aqui de
"orelha", na base do achismo, mas com base em relatos que falam das
cicatrizes deixadas por essas piadas. É preciso ter muito, mas muito cuidado na
hora de produzir conteúdo de humor.
A divisão em dois grupos de quem
pensa em suicídio
Ao
longo do tempo que venho estudando sobre o suicídio percebi que podemos, sem
deixar no plano absoluto, mas apenas para melhor organização, dividir em dois
grupos aqueles que pensam em suicídio.
Grupo 1
- os que pensam por ocasião, em virtude de alguma contrariedade, situação
difícil, enfim, algo que lhe escape o controle e que pareça sem solução. Neste
grupo o tratamento é, digamos, menos complicado.
Grupo 2
- os que trazem a prova de vencer a tendência suicida. Nestes casos a coisa é
um pouco mais complexa, porquanto, não raro há junto o componente da obsessão
em forma mais aguda. A ideia suicida parece que está cristalizada de tal forma
que dela não se desvencilha facilmente. Neste grupo é fundamental que se
realize a desobsessão e o acompanhamento de perto do caso. Atrevo até uma
sugestão para situações assim: que o centro espírita ou qualquer local que
trate o caso esteja sempre perto da pessoa, acompanhando-a.
Obs:
nos casos de ideia suicida, em qualquer dos grupos acima citados, jamais se
pode abrir mão do acompanhamento médico e psicológico convencional, sendo o
acompanhamento espiritual uma forma de tratamento paralelo às convencionais.
O conhecimento espírita na
prevenção ao suicídio.
Os
profissionais de saúde informam que em 90% dos casos de ideação suicida há
transtorno mental, portanto, há tratamento.
Então,
o recado que deixamos aqui, neste espaço, é o de (caso tenhamos acalentado
ideias de suicídio) buscarmos os tratamentos disponíveis, tanto no campo
material quanto no campo espiritual, conforme escrevemos acima.
O
conhecimento sobre a imortalidade da alma trazido pelo Espiritismo é, indubitavelmente, um fator que previne e até
mesmo elimina a ideia do suicídio em algumas situações, provavelmente naqueles
que estejam no grupo 1, acima citado.
Porém,
há coisas que ombreiam com este conhecimento da imortalidade da alma em termos
de eficácia da prevenção ao suicídio. O acolhimento ao ser que experimenta dor,
por exemplo, é uma ferramenta tão eficaz quanto o conhecimento da imortalidade
da alma.
A
ideia é mais ou menos assim: mais acolhimento equivale a menos julgamento.
Coração aquecido pelo carinho e genuína compreensão pode desistir de coisas que
até "Deus" duvida, como diria Ivan Lins.
E
que não fiquemos apenas em setembro no que se refere a prevenir o suicídio.
Até
a próxima.
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