A autolesão é um comportamento que, em geral, ocorre com jovens entre 13 e 16
anos.
Os fatores que levam os jovens à autolesão são os mais variados e,
naturalmente, vinculados às dores da alma.
É inegável: o sofrimento que traz um
jovem para lesar seu próprio corpo é deveras vigoroso. Alguns estudos apontam
para dois pontos que merecem destaque no tema da automutilação.
São esses dois
fatores de ordem interpessoal e intrapessoal.
1 – Intrapessoal: Ao se
automutilar o jovem tenta, de alguma forma, autopunir-se. Um outro aspecto é,
ainda, o alívio da dor emocional, mais ou menos num sistema de compensação, ou
de troca de uma dor pela outra na ânsia de algum alívio.
2 – Interpessoal: A
circunstância interpessoal é a de punir alguém, pertencer a determinado grupo,
ou, ainda, mandar um aviso de seu sofrimento.
Não raras vezes em busca de
atenção o jovem pode autolesar-se, num brado:
Estou aqui! Conhecer a gênese dos
problemas é muito importante para poder tratá-los convenientemente. Ao entender
o drama do jovem que tem o comportamento autolesivo poderão ser elaboradas
estratégias para o tratamento eficaz.
Como a autolesão, segundo alguns,
proporciona certo alívio às dores da alma, pode-se trabalhar outras questões
para o alívio das dores do indivíduo.
Prática de esportes, construção de laços
de amizade, inserção em grupos com interesses e afinidades parecidos são alguns
pontos que podem ajudar o jovem a aliviar esta angústia sem ter de recorrer à
autolesão.
Uma boa sugestão para a sociedade é incentivar o treinamento de
pessoas que possam identificar comportamentos suicidas e de autolesão.
Capacitar
indivíduos para que desenvolvam esta habilidade de perceber e abordar pessoas
com transtornos mentais, problemas no lar, uso de substâncias tóxicas, ansiedade
e outras circunstâncias que podem levar ao comportamento autolesivo ou suicida.
As igrejas, centros espíritas, escolas e demais instituições podem exercer
tarefa das mais importantes neste assunto ao identificar e treinar pessoas para
que possam ser gatekeeper, ou seja, anjos de outras vidas, capazes de reconhecer
e abordar adequadamente quem passa pelo comportamento autolesivo.
Treinar alguém
para ser um anjo de outra vida é um exercício que requer muitos cuidados, pois
palavras ditas de forma equivocada ou expressões inadequadas, ao invés de
ajudarem, no caso de comportamento autolesivo, podem atrapalhar muito.
Sendo os
temas autolesão e suicídio tabus, há, claramente, um total desconhecimento de
ambos, e eis que o desconhecimento leva, não raro, a abordagens sensacionalistas
ou extremamente moralistas e que, por isso, tendem a construir muros e não
pontes.
O ideal é que se construa ponte de confiança com a pessoa que tem
comportamento autolesivo. É preciso, em primeiro momento, trabalhar a confiança
para que haja, de fato, uma real e produtiva comunicação entre o anjo de outra
vida e aquele que está com comportamento autolesivo.
Jamais julgar, apurar os
ouvidos e tentar compreender os fatores principais que levam ao comportamento de
autolesão devem ser requisitos básicos para os anjos de outras vidas. As
conversas no tocante aos assuntos tratados neste texto, principalmente com
crianças e jovens, devem ser diretas e com o objetivo de levá-los a conhecer os
próprios sentimentos.
É sempre saudável criar ambientes em que os jovens,
crianças ou quem quer que passe por dificuldades existenciais possam
manifestar-se de forma livre e plena, sem receios de intervenções indevidas e
inadequadas e puxões de orelha que mais constrangem do que ajudam.
Onde o centro
espírita pode entrar nesta história? Sendo o centro espírita uma escola de
Espiritismo, que ensina, preliminarmente, ser o Espírito imortal, sua função no
que se refere à prevenção desses dois comportamentos, tanto o autolesivo quanto
o suicida, é de vital importância.
Ao privilegiar o ensino de que a alma
sobrevive à morte do corpo físico e de que estamos neste mundo para o progresso,
o Espiritismo, se não elimina, ao menos abre um campo de maior perspectiva para
quem está passando pelos problemas que já abordamos no texto.
Via de regra as
angústias e dificuldades de quem tem o comportamento de autolesão e suicida
fazem com que não se enxergue a chamada “Luz no fim do túnel”.
É como se a vida
toda se resumisse naquele problema e, numa tentativa de livrar-se do percalço,
ou, ainda, de aliviar a tensão emocional, é que se recorre ao comportamento de
autolesão ou suicídio.
Enfim, se pudéssemos de forma resumida falar algo, este
tipo de comportamento é uma fuga da dor, por mais paradoxal que possa parecer, a
ideia é libertar-se do sofrimento que abala o espírito.
Porém, como já dito
acima, o centro espírita, para bem atender este público, necessitará capacitar
aqueles que se disponibilizarem a trabalhar neste campo, posto que a abordagem
adequada é tão importante quanto o conhecimento doutrinário.
Diante das dores do
espírito imortal que, implacáveis, avolumam-se, cabe ao colaborador espírita,
portador de lições tão preciosas, capacitar-se com os conhecimentos das ciências
do mundo para que, em posse de ambos os saberes, material e espiritual, possa
aliviar, tanto quando lhe seja possível, as angústias e dificuldades de quem
vive na Terra.
Eis a sugestão para as casas espíritas: capacitar seus
trabalhadores no que se refere a este tipo de problema.
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