Prejuízos para o Brasil

por Wellington Balbo 


Haverá a comercialização de bebidas alcoólicas dentro dos estádios brasileiros na Copa do Mundo de 2014, não obstante o Estatuto do Torcedor  proibir a entrada de álcool em eventos esportivos. A inclusão das armas, ou melhor, das bebidas no texto da Lei Geral da Copa atende as imposições da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado) que não pode deixar seus patrocinadores na mão.Essa é uma notícia péssima. 
Naturalmente que imputar o problema que a sociedade enfrenta com relação ao álcool na FIFA e no futebol é uma ilusão. No entanto permitir a comercialização de bebidas alcoólicas na Copa do Mundo é um retrocesso. Não há interesse ou dinheiro que justifique tal medida. E não me venham com a desculpa de que a comercialização será apenas para estabelecimentos credenciados e que a fiscalização será grande. Até quando deixaremos o imediatismo e a busca desenfreada pelo lucro prejudicar a sociedade de modo geral? Até quando seremos manipulados pela mídia que vende a imagem do alto astral proporcionada  pela bebida alcoólica?
Não pode haver flexibilização no caso das bebidas alcoólicas. A Lei Geral da Copa pode provocar a alteração no Estatuto do Torcedor permitindo que bebidas sejam comercializadas em jogos do Brasileirão e campeonatos regionais. E quem arcará com os resultados das atitudes embaladas pelo álcool? A FIFA irá embora com um caminhão de dinheiro tão logo acabe a Copa. E nós, como ficamos nessa? É essa a herança que receberemos por abrigar a Copa de 2014? Será que vale a pena pagar um preço tão alto para recebermos em nosso território o magno certame?
Penso que as mesmas restrições que são impostas ao fumo deveriam ser estendidas ao álcool. Vou além: o álcool tem efeito muito mais nefasto do que o fumo porque altera o comportamento do indivíduo. Por muitos anos ingeri bebidas alcoólicas e pude constatar os prejuízos que elas causam não apenas ao corpo, mas também à alma. O álcool deixa além da ressaca física a ressaca moral. Entendo hoje que qualquer propaganda que se faça ao seu consumo é extremamente imprudente. O mais interessante de tudo é presenciarmos os órgãos de comunicação alertando contra os malefícios do álcool e mostrando os perigos de beber e dirigir e minutos depois assistirmos um comercial de artistas deliciando-se com a “água que o passarinho não bebe”. Tudo isso no mesmo canal. Santa incoerência!
E o que dizer então do deputado federal Romário que afirmou em entrevista ser a favor da liberação do álcool nos estádios para a Copa, porém contra a sua comercialização nos outros eventos. Responda-nos, Romário: Qual a diferença entre vender arma, ou melhor, bebida no Brasileirão ou na Copa? Desta vez você deu uma grande canelada na bola, bem diferente dos golaços que fazia em campo.
Liberar a comercialização de álcool nos estádios da Copa do Mundo de 2014 é um retrocesso que trará grandes prejuízos para a sociedade brasileira. A FIFA e os gringos irão embora, mas nós ficaremos aqui, provavelmente a mercê das agressões e violências temperadas com algumas garrafas de cerveja vendidas nos estádios.

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