O convidado

por Wellington Balbo 
                                                                                                                                                Artigo originalmente publicado no jornal Momento Espírita, do Centro Espírita Amor e Caridade – CEAC – Bauru.

O agito na família de Jorge era grande. Naquele ano ele avisara a todos os familiares sobre uma novidade. Seria um natal diferente daqueles comemorados ao longo de mais de duas décadas em sua residência.
As crianças, alvoroçadas com a anunciada novidade, tentavam  adivinhar o que seria:
  - Novos brinquedos eletrônicos, arriscou Pedrinho.
 - Acho que não – discordou Isabela – essa novidade deve ser uma brincadeira que durará até raiar o dia.
 - Penso que iremos fazer uma viagem bem bacana – profetizou Jorginho.
Já os adultos componentes da família também davam seus palpites. Apreciador de uma boa guloseima, Ademar tascou:
 - Não adianta Jorge fazer esse suspense. Sei que essa tão propalada novidade de natal será um deguste que ele nos trará da apetitosa cozinha japonesa.
 - Nada disso – afirmou categórica Mariana – a novidade será uma visita que faremos a um orfanato da cidade.
Jorge, ao escutar os palpites lançados pelos familiares sorria e dizia:
 - Aguardem!
Porém, finalmente chega a data aprazada. Todos ansiosos para saberem qual a novidade anunciada e eis que cada um recebe um pacote muito bonito que imediatamente Jorge pede para abri-lo.
O espanto é geral. Olhares de curiosidade. Ninguém entendia nada, afinal, seria a surpresa um livro que estampava em seu título o nome: O Evangelho segundo o Espiritismo?
Jorge tratou de esclarecer antes que fosse crivado de perguntas:
Nosso natal deste e dos outros anos que virão serão comemorados com a presença do aniversariante, coisa que não fazíamos antes.
Em coro todos perguntam:
 - Como assim? Quem é esse aniversariante?
Tranqüilo, mas sem esconder a sua decepção, Jorge informou:
 - Jesus!
 - Quem?
 Ele repete mais firme:
 - Jesus!
E pelo teor daquele pequeno diálogo constatou Jorge que os natais realizados em sua casa tinham de tudo: presentes, guloseimas, bebidas, músicas, porém nunca haviam chamado o aniversariante para participar da festa coroando a noite com suas belas e sublimes lições. Naquela família Jesus era um mero desconhecido. Porém, antes tarde do que nunca Jorge trataria de não mais esquecer de convidar para o banquete o aniversariante da noite.
E sorrindo abriu o exemplar do livro que estava em suas mãos, iniciando a  leitura do Evangelho pela lição...

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