Wellington Balbo
Dia desses encontrei meu amigo Pablo. Conheço-o de longa data, estudamos juntos no colegial e até hoje, passadas mais de duas décadas, ainda mantemos contato regular.
Neste mais recente encontro o Pablo não estava muito bem. A esposa separou-se dele, alegando não mais haver amor. Não preciso comentar que Pablo estava na fossa. Procurou-me para desabafar e relatar um segredo, que já não é mais segredo porque estou compartilhando com vocês.
O Pablo está convicto de que seu casamento acabou porque fizeram um DESPACHO. Isso mesmo que você entendeu, feitiçaria e das grandes, porque para a esposa separar-se dele, um homem bonito e forte só mesmo com feitiçaria e das mais fortes, segundo suas próprias palavras. Coisa de gente invejosa, que não suporta a minha felicidade, disse-me Pablo.
Mas eu acho que o Pablo talvez não queira admitir que não foi um marido tão bom assim. Ele até que é um cara bonito, mas a beleza vai além dos atributos físicos, coisa que o Pablo desconhece. Talvez meu amigo tenha se esquecido de que chegava quase todas as sextas feiras embriagado em casa ou que jamais compareceu com a esposa a um aniversário da mãe dela. Ele também nunca lavou uma louça e jamais trocou a fralda dos filhos. Para Pablo isso é coisa de mulher. E estufando o peito dizia que aprendera essa filosofia de vida com o pai. Acho que o Pablo nunca observou o semblante de tristeza de sua mãe ou será que observou?
Creio também que ele se esqueceu de que não se lembrava do seu aniversário de casamento há uns 10 anos e que ultimamente andava meio relapso com a relação, sem adubá-la com o fermento do amor. Pablo prefere depositar a culpa na tal da feitiçaria feita pelos invejosos, e me procurou porque, segundo ele, eu mexo com esse negócio de espíritos. Queria que eu desamarrasse o TRABALHO que fizeram para ele. Eu disse que consigo apenas desamarrar o cadarço do tênis, se ele quiser posso perfeitamente ajudá-lo nisso. Ante a sua negativa tive que ser bem sincero com o Pablo e falar para ele que feitiçaria que terminou com a sua relação está bem no banheiro de sua casa e atende pelo nome de espelho. Basta Pablo olhar no espelho para encontrar o verdadeiro feiticeiro. Ele não gostou e saiu de casa irritado, com cara de poucos amigos. Será que vai refletir um pouco em suas atitudes? Será que a dor vai ser um filósofo eficiente para o meu amigo? Não sei, o tempo responderá.
Interessante que Allan Kardec abordou o assunto feitiçaria com os sábios da espiritualidade e eles, como sempre, foram muito claros ao afirmarem ao Codificador na resposta da questão 557 de O livro dos Espíritos que a benção ou maldição jamais desviam a Providência do caminho da justiça.
Retrocedendo algumas questões (551) encontramos outra clara resposta dos Espíritos que foram enfáticos e afirmaram que Deus não permite que um homem mau com a ajuda de um mau Espírito nos faça qualquer coisa que não mereçamos.
O que falta ao Pablo é um pouco mais de autocrítica ao analisar seu comportamento como esposo. É muito simples depositar a culpa em feitiçarias ou considerar que se é vítima de homens ou espíritos voltados ao mal. Convenhamos que Deus não permite injustiças, por isso mesmo tudo que nos ocorre deve ser bem analisado para que não nos percamos em elucubrações nada produtivas e que nos tiram do foco real fazendo-nos, assim como Pablo, vivermos iludidos de que nos fizeram um TRABALHO com o intuito de nos prejudicar.
Como disse ao Pablo, geralmente o feiticeiro está sempre no banheiro de nossa própria casa, e para conhecê-lo basta dirigirmos um olhar ao espelho.
Pensemos nisso
Um comentário:
Boa Tarde!
Gosto muito dos textos do Wellington.
Li vários, inclusive os mais recentes, mas este me chamou atenção. Compartilhei.
Obrigada.
Margarida - Facebook
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