por Wellington Balbo
Estavam na aula de evangelização infantil de uma das muitas entidades cristãs de nosso país quando um celular tocou, a pessoa atendeu, a surpresa se instalou. O aparelho pertencia a uma garota de apenas 9 anos. Após a aula ela veio explicar ao coordenador que suplicara ao pai para lhe dar de presente o aparelho celular. É que ela vivia vendo as garotas de sua idade com aparelhos bonitos, com jogos, fotos e toda aquela parafernália que a tecnologia disponibiliza, e quis um também.
A família, mesmo passando por privações básicas, fez loucura para atender o desejo de consumo da garota. Qualquer semelhança com a realidade, é mera coincidência, caro leitor.
É complicado quando as coisas se atropelam, é complicado quando a evolução tecnológica e o marketing vêm antes da educação dos seres humanos. Sem a devida informação e educação das pessoas, o marketing nocivo, sem compromisso com a ética, faz a festa, criando climas ilusórios apenas para desovar seu produto nos consumidores, ávidos pela compra. São famosas as frases que enganam um sem número de pessoas :
“ Venha para o mundo de.........”
“................ o sabor do sucesso”
“Beba com moderação”
“Pague tudo em 72 meses com suaves prestações de R$.30,00”
“........ feira, que todo mundo ama”
Vamos então à evolução tecnológica. Foi tão dinâmica e alucinante, que nem tempo dá ao consumidor de se acostumar com seu “objeto de desejo”, que logo vem outro mais moderno, bonito, portanto, “necessário”. Contudo, infelizmente, a educação não acompanhou esse ritmo frenético de evolução. O resultado notamos no desfecho da história acima, ou seja, uma total desorganização social, com lamentável deturpação dos valores, com pais fazendo loucuras para mostrar que também podem dar ao filho o “bom e o melhor”. Com o avanço da tecnologia, o marketing faz o papel de criar necessidades. Os mais abastados, naturalmente, conseguem adquirir os bens de consumo, então os menos abastados ficam à margem, apenas admirando através da mídia as “belezas” que o poder aquisitivo traz. Isso cria uma massa de excluídos. Após o lançamento de produtos mais novos, os antigos (mas nem tanto), obviamente têm seus preços reduzidos, e é justamente onde a população menos abastada entre nesse jogo.
Querendo diminuir à força a distância social que os separam das celebridades, não raro cometem loucuras para adquirir bens de consumo, endividam-se, deixam de atender necessidades básicas da família, apenas para saciarem desejos e provarem que também podem ter.
Por isso considero nocivo à sociedade o avanço tecnológico e o marketing não andarem de mãos dadas com a educação das pessoas.
Isso cria uma sociedade desajustada quanto aos verdadeiros valores. Sou infatigavelmente defensor da tecnologia e do marketing, pois são eles, sem sombras de dúvidas, maravilhas que facilitam a existência, porém, sou principalmente a favor do marketing da alma, em que a intensa divulgação dos valores imorredouros do Espírito mostram a importância de cultivar virtudes que os ladrões não roubam nem os traças corroem. Sabedoria, bondade, compreensão, desprendimento, renuncia, abnegação, são valores que quando conquistados nos permitem transitar por onde quer que estejamos em perene serenidade, sem deixar de atender as necessidades básicas da família para mergulhar em um mar de dívidas e oceanos de complicada resolução.
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