Qual a nossa missão neste planeta?

por  Wellington Balbo

Inglaterra 1791, nasce um grande gênio.
De família simples teve que trabalhar desde muito novo. Aos 14 anos conseguiu emprego de encadernador de livros, alma sedenta pelo conhecimento, aproveitou a oportunidade para dedicar-se a leitura, tornando-se um auto didata.
As dificuldades daquele tempo não foram capazes de deter a persistência daquele garoto inteligente que buscava incessantemente o progresso.
Aos 20 anos, após assistir uma conferência de Sir Humphry Davy – célebre cientista britânico - , entusiasmou-se e escreveu-lhe. Seu atrevimento lhe rendeu um lugar como seu assistente.
Não tardou e Michael Faraday estava fazendo relevantes descobertas científicas.
Foi sem duvida um dos homens que mais contribuiu para que o mundo avançasse nos domínios da eletricidade.
Descobriu a indução eletromagnética.
Também trouxe descobertas no campo da química, como o benzeno por exemplo.
Pródigo foi seu trabalho em eletroquímica – estudo dos efeitos químicos das correntes elétricas - , onde seus esforços estabeleceram as duas leis da eletrólise, que formam as leis da eletroquímica.
Incorporou junto à física a idéia das linhas de força magnética e força elétrica, dando ênfase não aos imãs, mas sim ao campo existente entre eles.
Era ainda um eloqüente conferencista sobre assuntos científicos.
Curioso notar que Michael Faraday, não obstante a seu sucesso, era indiferente a fama, dinheiro, honraria, bajulações...
Nada o tirava do foco de seus objetivos.
Certa vez, declinou um título de nobreza e também uma oferta para tornar-se o presidente da Real Sociedade Britânica. Teve um casamento tranqüilo, longo e feliz, vindo a deixar esse mundo em 1867 nos arredores de Londres.
Palmas à Michael Faraday, nobre missionário que veio da espiritualidade colaborar com a evolução desse singelo planeta ainda carente de grandes conhecimentos.
E por falar em missionários, vamos nos socorrer em uma obra codificada por outro missionário que deu também vasta contribuição à nosso planeta.
A referida obra é “O Livro dos Espíritos” e o missionário em questão é o pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido como Allan Kardec.
Em “O Livro dos Espíritos”, na questão de nº 573, Kardec faz o seguinte questionamento aos mentores que o assistem:
P - 573 Em que consiste a missão dos Espíritos quando encarnados?
R – Instruir os homens, ajudar em seu adiantamento, melhorar suas instituições pelos meios diretos e materiais; mas as missões são mais ou menos gerais e importantes: aquele que cultiva a terra realiza uma missão, como aquele que governa ou que instrui. Tudo se encadeia na Natureza; ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a realização dos desígnios da Providência. Cada um tem sua missão na Terra, cada um pode ser útil para alguma coisa.
Grande resposta!
A vida desses missionários nos locomove a refletir em nossa missão neste planeta. Sim, porque todos nós sem exceção trazemos um cronograma à cumprir do plano espiritual, por mais simples que seja.
Espíritos mais experientes trazem missões mais delicadas e importantes à humanidade. Espíritos ainda iniciantes no educandário terrestre trazem missões mais singelas, todavia, também importantes para seu próprio aperfeiçoamento e evolução do local onde estão inseridos.
Faraday obteve sucesso em sua peregrinação terrena porque era comprometido com seus ideais, Kardec também.
Tinham objetivos claros e bem definidos e se comprometiam com eles.
Esta questão da missão que temos neste planeta,  vale levantar para que não nos percamos em desvios. Para tanto, questionemo-nos:
Temos objetivos claros e bem definidos?
Nos comprometemos com nossos ideais?
Ou:
Giramos sem nos antenar para a tarefa que viemos cumprir neste planeta?
Muitas pessoas começam uma atividade e a deixam no meio do caminho; no começo, empolgadas com o novo,  são entusiastas, decididas a fazer acontecer, todavia, ao se depararem com as primeiras dificuldades, abandonam o barco.
Passam a vida assim, pulando de barco em barco sem levar nada do que começaram até o fim.
O voluntário que deixa a instituição que serve nos primeiros entraves de relacionamento.
O amigo (a) que desiste da amizade afirmando que o companheiro (a) não era nada daquilo que se esperava.
O “entusiasta” que abandona a idéia quando esta parece não querer engrenar.
No Centro Espírita é comum vermos situações desse tipo. Ao conhecer a Doutrina Espírita e se confrontar com seus postulados apaixonantes, a pessoa se empolga, abraça atividades, atira-se ao trabalho.
Maravilha-se com a frase: “Espíritas amai-vos, espíritas instrui-vos”.
Pensa consigo mesma:
Este é o caminho, é por ele que vou me guiar!
Contudo, quando vê arrefecer o ânimo dos primeiros meses e logo se defronta diante dos problemas de relacionamento, desilude-se e... Vai embora.
Alguns procuram outro Centro Espírita julgando que o problema está na instituição, e após algum tempo... desiludem-se novamente.
Então, trocam de religião e... decepcionam-se novamente.
Citamos o exemplo do Centro Espírita, contudo, essa máxima está impregnada nos mais variados temas onde atua o ser humano.
É que falta o essencial, falta comprometimento com os ideais.
Por isso é tão fácil desistirmos frente as primeiras dificuldades. Entraves que serviriam para aguçar nossa percepção e fazer desenvolver nosso potencial, não raro, são estopim para a desistência.
Por que Espíritos como Faraday e Kardec , conseguem enxergar com clareza a missão que aqui vieram desempenhar?
Por que  não se perdem nos desvios da vida?
Por que fama, dinheiro, honrarias, não são capazes de distraí-los e tirar-lhes o foco do que aqui vieram fazer?
Por um simples motivo: Espíritos como Faraday, Kardec  e tantos outros famosos e anônimos que prosseguem desempenhando sua missão com valentia, estão conectados consigo mesmos, escutam as vozes do universo e dão atenção a intuição que lhes fala no íntimo da alma os caminhos que têm a seguir.
São persistentes e tem um objetivo de vida bem definido, tem uma direção, sabem onde querem chegar. E sabendo onde se quer chegar fica mais difícil se perder.
Patrimônio de uns poucos?
Nada disso. Pura questão de organização de nossos propósitos, atenção com o que a vida nos pede, reflexão em torno do que estamos aprendendo, empatia com o universo que nos envolve.
Somos todos missionários em potencial!
Nossa missão: Evoluir como seres humanos, nosso destino rumo a felicidade já está traçado no código celeste, basta apenas que nos atentemos para isso e façamos nossa parte, com coragem e perseverança.
Pensemos nisso!

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