Morte em Ibitinga reflete o caos na saúde

por Wellinton Balbo

Todas as manhãs  costumeiramente abro o Jornal da Cidade a fim de manter-me informado sobre as notícias que ocorrem em nossa região e no mundo. E nesta sexta feira – 10 de junho – fiquei estupefato ao ler que um adolescente na cidade de Ibitinga foi atendido 4 vezes em um mesmo hospital e no quinto atendimento veio a óbito.
Naturalmente que em circunstâncias desta natureza o caso deve ser apurado e, por enquanto, nenhum julgamento emitido.
Contudo a experiência vivida pela família deste adolescente é semelhante ao de muitos outros cidadãos brasileiros que ficam a mercê do caos que há anos vive a saúde brasileira.
Também estou nesta situação, caro leitor. Dia 31 de maio, aos 36 anos realizando o “teste da esteira” tive um infarto dentro de um hospital de nossa cidade. Mas este não é o maior problema.
A grave questão é que por não ter o amparo do Estado no que concerne a saúde tive que fazer um plano de saúde e ele, infelizmente, ainda estava em carência e a recepcionista do hospital negou-se terminantemente a cumprir as ordens médicas e efetuar minha internação. Depois de muita discussão consegui ficar no hospital pela intercessão de um benevolente funcionário, não sem antes, peregrinar pela cidade infartado dirigindo o próprio veículo e, obviamente, correndo risco de morte. Dia seguinte fui transferido para a UTI e tive alta três dias depois. Por conta da famigerada carência ainda estou em casa esperando para ser chamado ao exame do cateterismo pelo SUS. Isto faz mais de 7 dias. Há dois dias, porém, fui informado de que a máquina do Hospital e Base de Bauru que realiza o cateterismo está quebrada. Depois me disseram que uma está danificada e a outra é nova e ninguém a operou ainda. Enquanto isso eu aguardo em casa uma definição para o caso. Sou apenas um exemplo entre os milhares que pululam  pelo Brasil.
O plano de saúde, por sua vez, sabedor de que vivemos imersos em imensas dificuldades neste delicado tema, faz a sua parte, ou seja, explora de forma cruel seus associados, ignorando que em casos de urgência e emergência inexiste carência, de modo que me deixaram sem uma definição. Ou faz particular, meu caro, ou morre...
A saúde pública também pouco está se importando. Talvez a mobilização de alguns amigos me ajude, no entanto, esta é a minha situação, mas e tantos outros brasileiros que não têm a quem recorrer, como ficam? Morrem? Padecem em mesas de hospitais? Pois é, amigo leitor, sou apenas mais que se constitui em vítima deste sistema criminoso que infelizmente é incapaz de cuidar do cidadão brasileiro como ele merece.
O rapaz de Ibitinga não é o primeiro nem será o último a fenecer por conta deste grande vilão do século: a indiferença.
Espero, sinceramente, ter, melhor sorte que o garoto de Ibitinga e voltar a escrever para esta coluna.

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