A importância de relembrar Chico Xavier

O gosto pelo futebol me faz, sempre que possível, acompanhar com atenção os campeonatos estaduais. O Brasil é ainda o grande celeiro de craques do mundo, e nossos atletas desfilam pelos campos, com exímia habilidade, fazendo gols dos mais belos.

No entanto, não obstante a facilidade para empurrar a bola para as redes, parece-me que as comemorações dos tentos estão em descompasso com o que deve transmitir o esporte, pois nossos goleadores comemoram suas façanhas, nos gramados, imitando matadores com metralhadoras e revólveres. Ora, poderiam homenagear outros profissionais. Quem sabe os garis, os padeiros, os médicos, os pintores, os engenheiros... São tantas as atividades dignificantes, mas os atletas preferem reverenciar a triste figura do matador.

Acredito que eles – os atletas – não têm a exata noção de que são exemplos para a garotada. Meu filho, João Antonio, de 6 anos, antes palmeirense, virou casaca e bandeou-se para o lado corintiano, tudo por causa de Ronaldo e sua genialidade com a bola nos pés. Bem, coisas da vida... Mas, voltando às comemorações, se eu fosse um craque dos gramados, minha comemoração seria bem mais original. Neste 2010, em todos os gols, iria imitar um homem lendo livros ou, quem sabe, psicografando. Obviamente, foi o que fez Chico Xavier, em grande parte de sua vida: leu e psicografou obras das mais importantes da literatura mundial. Muito mais coerente é divulgar a figura amorosa e pacífica de Chico Xavier do que a de um homem atirando. Será que os atletas não se cansam de ver tanta violência, para repetir esses gestos nos gols? Porém, se eu fosse um craque dos gramados, faria diferente, e a mídia focalizaria minha figura homenageando Chico Xavier, o notável médium psicógrafo que, neste 2010, se estivesse encarnado, completaria 100 anos de existência física.

Costumamos não reverenciar nossos grandes homens e mulheres. Pessoas que muito fizeram pelo nosso país são relegadas ao esquecimento. Quem se lembra de Josué de Castro (1908 – 1973), o grande cientista que mapeou a fome no Brasil? Homem idealista, à frente do seu tempo, morreu longe de seu país porque a ditadura não suportava suas ideias. E Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810 – 1885), será que algum jogador vai homenageá-la? Creio que não, poucos conhecem Nísia. Uma pena. Pode ser que os anos tenham sido cruéis com figuras como Josué e Nísia, mas não podemos deixar o mesmo acontecer com Chico. Ele está aí, sua vida ainda fresca na memória de todos, e devemos, pois, preservar essa lembrança, seus exemplos e divulgar seus livros, que se constituem em fiel repositório das lições de além-túmulo.

Quando as realidades da imortalidade da alma estiverem, efetivamente, no cotidiano das pessoas, é certeza que as obras psicografadas por Chico, principalmente a conhecida série André Luiz, serão estudadas em universidades, igrejas e demais instituições. Daí a relevância de manter a história de Chico viva, para que a humanidade tenha sucesso na busca por solucionar suas dúvidas, ante a ainda temida morte.

Porém, enquanto nossos craques dos gramados não atentam para a importância de propagar mensagens como as de Chico, cabe a nós, espíritas, fazer o papel de divulgadores da vida dessa grande figura humana, espírito lúcido e que seguiu, fielmente, os passos de Kardec e Jesus, porquanto não podemos deixar que os anos apaguem sua vida, como apagaram a de muitos outros ícones da bondade, por pura falta de cultivar a memória de seus grandes homens e mulheres.

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