por Wellington
Balbo
Diógenes de Sínope, discípulo de
Antístenes de Atenas, foi filósofo grego que viveu em aproximadamente 430 a.c a
323 a.c,
Desprezava
as convenções humanas e tinha total indiferença pelo poder, costumava dizer que
a felicidade está baseada em não ser amarrado pelos desejos.
Criou
o cosmopolitismo ao afirmar que era um cidadão do mundo e não de um estado ou
de uma cidade em particular.
Certa
vez, Diógenes jantava seu habitual prato de lentilhas, quando foi abordado por Arístipos de Cirene,
também filósofo e famoso por pregar o
prazer como bem absoluto da vida, disse ele a Diógenes:
-
Se soubesses bajular o rei, certamente
não estarias a jantar apenas esse mísero prato de lentilhas.
Diógenes,
sereno, lhe respondeu:
-
Se soubesses se contentar apenas com este mísero prato de lentilhas, não precisarias bajular o rei para viver.
Notável
a visão do filósofo!
A
sociedade contemporânea, tenta de todas as formas nos impulsionar a acreditar
que muitas coisas são necessárias para nossa existência e felicidade.
A
mídia ao vender uma imagem de que aquele que tem grande poder de consumo é
alguém que venceu na vida, admirado e
elogiado por todos, tendo poderes
de comprar o que bem entender, auxilia a criar essa cultura de que a vida se
resume a ter em detrimento do ser.
O
supérfluo passa a ser considerado necessário para grande número de pessoas que
deixam se enfeitiçar pelos poderes do marketing.
Ah, o marketing!
Comerciais
exaltando maravilhas...
Produtos
de qualidade duvidável sendo içados ao patamar de salvação da “lavoura”...
O
vício sendo propagado aos quatro ventos pelos meios de comunicação que pensam
apenas na melhor forma de melhor vender seu produto...
Dinheiro
sendo vendido a peso de ouro em propagandas do tipo:
“Faça
seu financiamento em leves parcelas de R$.xx em até 48 meses”
Alguns
distraídos endividam-se apenas para mostrar aos outros que também podem ter,
outros tantos , infelizmente por imperativos da vida se vêem obrigados a cair
nessa armadilha que visa exclusivamente o lucro exagerado.
A
simplicidade dá lugar a ostentação sem limites.
E
iludidas por essa ficção, muitas
criaturas valorizam em demasia esses bens efêmeros.
Outros,
chegam mesmo a depositar a responsabilidade de sua infelicidade no fato de não
terem grande poder aquisitivo.
A
coisa se complica quando essas questões tomam proporções maiores e acabam por
afligir toda a família.
Casais
que discutem infinitamente transformando o lar em palanque de impropérios
porque um ou outro exagerou na dose do consumo.
A
lista é infindável e dá assunto para calorosos debates.
Uma
existência calcada somente em valores materiais , chumba-nos ao solo da
futilidade e nos deixa criaturas vazias,
sem maiores aspirações como espíritos em estágio evolutivo.
E
um dos grandes males de nossa sociedade é justamente esse: Preocupação em
excesso com assuntos de pouca relevância. Enquanto grande parte da população
mundial não tem sequer como viver dignamente, alguns inclusive vivendo em um
sub mundo, onde faltam recursos básicos de alimentação e higiene, outros
tantos, desligados dessa realidade,
descabelam-se por supérfluos.
Alguns
com excessos, outros sem o necessário, são as discrepâncias próprias de um
planeta que se orienta sob a égide do egoísmo.
Em
o Livro dos Espíritos , na questão de nº 712 e 712 a, Kardec questiona os
mentores espirituais:
P
- 712 Por que Deus colocou o atrativo do prazer na posse e uso dos bens
materiais?
R
– Para estimular o homem ao cumprimento de sua missão e experimentá-lo por meio
da tentação.
P
- 712 a Qual é o objetivo dessa tentação?
R
– Desenvolver sua razão, que deve preservá-lo dos excessos.
Segue
comentário de Kardec:
Se o homem tivesse considerado o uso dos bens
da Terra somente pela utilidade que eles têm, sua indiferença poderia
comprometer a harmonia do universo: Deus lhe deu o atrativo do prazer para o
cumprimento dos seus desígnios. Mas pelo que possa representar esse atrativo
quis, por outro lado, prová-lo por meio da tentação que o arrasta para o abuso
do qual sua razão deve defendê-lo.
As
afirmações de Diógenes vem de encontro a Doutrina Espírita e ambos nos convidam a considerar grave
aspecto:
Nossa
felicidade jamais se fará com excessos!
O
universo preza pela harmonia e ela se fará em plenitude quando dosarmos dois
ingredientes na medida exata: vontade por conquistar com desprendimento para
não se algemar.
Ao
lutar pela posse dos bens materiais exercitamos inúmeras aptidões;
criatividade, iniciativa, perseverança, trabalho, ou seja, evoluímos,
aprendemos...
Portanto,
é justo que busquemos a melhoria também do ponto de vista material, todavia,
tomando o cuidado para não fazermos deste objetivo o altar de nossas vidas,
pelo simples motivo de que esse altar não está ligado ao santuário sagrado de
nosso espírito, ele é apenas o caminho para trazer progresso a nós e aqueles
que caminham conosco.
Muitos
que se orientam apenas sob essa ótica acabam por inverter valores e não
raro ludibriam, bajulam, vendem-se, mentem...
São
provados na tentação e acabam por sucumbir, em realidade são reféns de uma
ganância desmedida que os impede de raciocinar com clareza.
Diógenes
propõe que não nos algememos a bens efêmeros, a Doutrina Espírita, por sua
vez, nos instrui que o melhor é ter
prudência para que assim que conseguirmos as conquistas materiais, evitemos os
excessos.
Vale
a pena estudarmos com atenção esses assuntos.
Pensemos
nisso!
Fonte
de pesquisa
http://www.wikipedia.org/diogenesdesinope.
Acesso em: 15/12/2006.
KARDEC,
Allan. O livro dos espíritos. 50.ed. Trad. Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro,
Federação Espírita Brasileira, 1980. 340 -341 p.
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