Leonel estava confuso. Via-se em volta à grande movimentação de pessoas e logo identificou estar em um velório. Curioso, chegou próximo ao caixão e viu seu corpo físico dentro do terno de madeira.
Achou estranho. Como poderia estar vivo e ao mesmo tempo seu corpo inerte, morto, cheio de flores em um caixão. Estaria maluco? Mas eis que uma desconhecida surgiu do nada e tocou-lhe levemente nos ombros, dizendo:
- Isto é somente um sonho, Leonel. Ainda não está morto, meu filho, mas, trate-se de se cuidar, pois está enfermo e se não apressar o passo em direção ao médico, provavelmente não ficará muito tempo na Terra.
Leonel acordou atordoado com as palavras da desconhecida senhora que ecoavam em sua mente sugerindo-lhe buscar auxílio médico. Mas como? Justo ele que tinha verdadeiro pavor dos homens de branco e, como se diz por ai, empurrava com a barriga toda e qualquer visita ao consultório de um doutor. Não obstante, espírita convicto, sabia estar errado. Tinha consciência de que a medicina é abençoada ferramenta de Deus a proporcionar saúde para que os homens cumpram os seus projetos de evolução. Mas o que fazer? Indagava aflito a um amigo. É incontrolável, dizia ele, embora a razão me diga que devo ir ao médico, a emoção fala mais alto e só de pensar nessa hipótese meu coração acelera.
- Ora, Leonel, não faça drama. É apenas uma consulta ao médico. Não vai doer nada. E depois, lembra-se do sonho?
- Sim, claro, como não lembrar?
- Então, Leonel, se você diz acreditar nessas coisas de aviso, premonição, não deixe de consultar um médico. Afinal, você vem abusando um pouco de seus amigos espirituais, não é? Não repousa direito, sua vida é desregrada quanto a alimentação, vive agitado, cheio de tarefas. Pois bem, ouça a senhora do sonho e procure desta vez a ajuda do doutor.
Um pouco contrariado Leonel marcou consulta e recebeu uma pilha de exames para fazer. Aquilo o deixou nervoso. Ora, perder tempo com isso, dizia ao amigo.
- Não creio cuidar de sua saúde seja bobagem, Leonel!
E logo no primeiro exame, a surpresa: Leonel se contorce em dores ao fazer o famoso teste da esteira, o médico percebe e constata o infarto, internando-o imediatamente. No outro dia Leonel é transferido à UTI, no entanto, teve sua vida preservada.
Alguns dias depois, exclamou:
- Abençoado sonho!
São duas situações, amigo leitor:
Leonel poderia não ter dado atenção ao sonho e não buscado a ajuda médica. Neste caso provavelmente ao invés de ter o infarto dentro de um hospital poderia tê-lo na rua ou em qualquer outro lugar, o que convenhamos, o locomoveria diretamente para o além.
Entretanto, Leonel preferiu acreditar em seu sonho o que, indubitavelmente, poupou-lhe a vida.
Na resposta a questão de n 404 de O Livro dos Espíritos, os mentores do plano invisível informam que os sonhos podem, não raro, ser um pressentimento do futuro. Já na questão de n 402 os Espíritos ensinam que podemos ter a previsão do futuro e entrar mais facilmente em contato com seres deste ou de outro mundo.
Foi justamente o que ocorreu com Leonel, avisado em sonho de que sua saúde não andava bem. Leonel deu atenção ao sonho, não sem antes levar também um puxão de orelhas do amigo que, certamente, era intuído pela espiritualidade a dar-lhe força em procurar um médico.
Pena, entretanto, que nem sempre damos o valor devido não apenas aos sonhos, mas, também, as sugestões de nossos amigos espirituais que nos chegam pelos condutos do pressentimento. Por vezes um Espírito que nos quer bem aconselha-nos intimamente, porém, fazemos ouvidos moucos.
Kardec não deixou passar em branco o tópico pressentimento e o abordou na questão de n 523, conforme abaixo:
523 Os pressentimentos e a voz do instinto têm sempre alguma coisa de vago. Que devemos fazer quando ficamos na incerteza?
Resposta dos Espíritos:
R – Quando vos achardes na incerteza, na dúvida, invocai vosso Espírito protetor ou orai ao senhor de todos, a Deus, que enviará um de seus mensageiros, um de nós.
Eis, portanto, um caminho; o caminho da invocação ao Espírito protetor em caso de dúvida no norte a seguir, numa sugestão clara mostrada pelo plano espiritual a nós, no intento de que vivamos melhor, com mais qualidade em todos os sentidos.
E o interessante é que mesmo sendo assistidos de maneira cuidadosa e abnegada pela espiritualidade, algumas vezes nos rebelamos contra Deus ou os Espíritos, como se fossem eles os culpados pelas nossas desditas. Porém, a bem da verdade é que elas – desditas - são causadas pela nossa imprevidência e pela falta de hábito em darmos ouvidos as “dicas de nossos amigos importais”.
Se mantivéssemos um contato mais estreito com a espiritualidade colheríamos, sem dúvidas, muitas sugestões que nos são dadas pelos Espíritos, mas que pela nossa negligência, indiferença ou teimosia deixamos passar despercebidas essas lições que têm o poder de nos conduzir por um caminho mais tranqüilo na romagem terrena. A muito custo Leonel ouviu. E nós, estamos ouvindo?
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