Wellington Balbo – Bauru SP
Carlos tinha grande inteligência musical, aprendia, ou melhor, relembrava a arte cifrada com extrema facilidade.
Paula era diferente, embora adorasse música, não tinha afinidades com os instrumentos, sua inteligência era intrapessoal, tinha grande capacidade para detectar suas virtudes e limitações.
Já Carolina tinha grande habilidade interpessoal, e, por isso, exercia grave liderança, influenciando os amigos.
Todos inteligentes, cada um a sua maneira. E assim somos nós, inteligentes, contudo, com habilidades diferentes, com aptidões e facilidades das mais diversas, e é isso que faz rodar a engrenagem da vida.
A inteligência de uns completa a inteligência de outros. Prova de que o ser humano transita por esse mundo para se aperfeiçoar, e a interação com o semelhante é um dos componentes que faz a diferença. Quem se propõe a abrir a janela mental para aprender com o outro dá grande passo na conquista dessas inteligências, que diga-se de passagem são elas que nos fazem avançar rumo a melhor compreensão da vida e seus mecanismos.
O psicólogo americano Howard Gardner demonstra em suas pesquisas científicas, que há 8 tipos de inteligências: musical, espacial, intrapessoal, interpessoal, lingüística, de reconhecer fenômenos naturais e a inteligência lógica.
Segundo Gardner, a genialidade é para poucos, mas a inteligência e seu desenvolvimento é para todos, ou seja, podemos nos aperfeiçoar em todas as áreas da inteligência por ele pesquisadas. A Doutrina Espírita vai além dos estudos de Gardner e afirma que a genialidade é democrática, sendo encontrada por todas as criaturas que se esforçarem para conquistá-la. Mas há um senão dentro desse contexto: o fator biológico.
Impossível desenvolver todas essas inteligências em uma existência de 70 ou 80 anos. E é para esclarecer esse obscuro ponto que entra a Doutrina Espírita nos informando que, em suma, somos todos gênios em estado bruto que as reencarnações tratarão de lapidar, transformando-nos em verdadeiros diamantes que refletem a luz da genialidade.
Em realidade, as inteligências que temos de desenvolver são bem mais extensas do que as oito citadas por Gardner. O psicólogo levantou apenas a ponta do iceberg das potencialidades inerentes à criatura humana, há ainda muita coisa escondida sob o véu da ignorância que a ciência trará ao conhecimento humano em tempo oportuno.
Outro ponto importante abordado por Gardner foi a relação entre inteligência e senso moral. Ambos são independentes e a própria história do mundo comprova isso: seres com o cérebro desenvolvido e o coração endurecido. O Espiritismo endossa o que diz Gardner ao informar que a evolução intelectual nem sempre acompanha a evolução moral. Podemos ser intelectualizados, porém, analfabetos quando o assunto é amor ao próximo e superação de fragilidades morais.
Mas o mais fantástico de tudo isso é que quando descobrimos que temos de desenvolver múltiplas inteligências e também o senso moral não podemos parar no tempo. O desenvolvimento das potencialidades é um poderoso tonificante contra a enfermidade da acomodação. Quando tomamos conhecimento da estrada enorme de aprendizado que temos o direito de palmilhar, nos sentimos impelidos a prosseguir. Ou seja, o individuo que atinge a idade de 70 e 80 anos pode e deve continuar motivado a se aprimorar moral e intelectualmente.
Parar? Por quê? As conquistas não se perdem com a morte biológica, portanto, levamos para onde formos nossas virtudes e inteligências aquilatadas, assim sendo, não há razões para parar no tempo apenas porque a idade do corpo físico avançou.
Sem contar que o segredo da saúde está na contínua movimentação física e mental. Os obstáculos que surgem são costumeiramente construídos pelo preconceito humano, que se condicionou à idéia do Nascer, Crescer e Morrer, o que convenhamos, nada mais arcaico e infundado.
A morte só existe para quem se acomoda. Quem age, atua, participa, está sempre se aperfeiçoando, e por isso, cultuando a vida, conquistando inteligências e aparando imperfeições.
Vale a pena investir nessas conquistas, e não desanimar de aprender e de se corrigir.
Pensemos nisso.
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