A liderança na China de cultura milenar

A questão que envolve a liderança faz parte da pauta de humanos e animais desde Eras longínquas. No mundo animal há líderes na condução de seus pares para objetivos que, vão desde a busca da alimentação até a proteção contra ataques de grupos rivais. Com os humanos não é diferente, desde os primórdios que o homem elegeu líderes, pessoas dotadas de iniciativa que com grande capacidade de persuasão vão á testa conduzindo multidões. A presença do líder é, e sempre será necessária, partindo do princípio das variedades de aptidões, habilidades e dificuldades que todos temos, é imprescindível que haja alguém para ditar um norte a ser seguido. Isso ocorre, inclusive, em nossos primeiros contatos com a sociedade, no seio familiar. Na família as crianças têm nos pais as figuras dos líderes, porquanto incapazes de tomar decisões sozinhas, necessitam de alguém que as conduzam, os pais, portanto, são os líderes. Partindo dessa premissa, percebe-se que, quanto mais imaturas as criaturas, mais firmes no que concerne à imposição de regras devem ser os líderes. Há pessoas que, de tão imaturas necessitam de regras firmes, imposições fortes que as façam seguir dentro dos padrões traçados. A história do mundo traz esse registro, mostrando a necessidade de líderes austeros na condução de civilizações com o senso crítico e discernimento ainda incipientes. Em tempos remotos seria um tanto complicado liderar povos rudimentares em inteligência de forma democrática. Era necessário um tanto mais de evolução para que a liderança se fizesse mais branda no tocante às imposições. Entretanto, houve e há povos mais amadurecidos, conscientes de seu papel no meio em que estão inseridos, para eles os líderes são instrutores, facilitadores, amigos e conselheiros que em vez de impor indicam, informam, ensinam.
A história do mundo narra a presença de grandes líderes na condução de povos, culturas, civilizações.


Na China milenar, o notável Confúcio (551 a.C – 479 a.C) discursava sobre as habilidades dos grandes líderes. O sábio costumava dizer que os verdadeiros líderes o são por excelência moral, e não por imperativos e imposições do berço. Para Confúcio o grande líder é feito de atitudes condizentes com o interesse coletivo, se necessário for, ele renega suas vontades para que prevaleçam as necessidades do grupo. Detalhe significativo: as idéias de Confúcio sobre liderança foram grafadas na história do mundo há mais de 2.500 anos. Mêncio (a.C 371-289 a.C), conterrâneo de Confúcio e seu seguidor, notabilizou-se como o segundo sábio, suas idéias no tocante à liderança também eram avançadas para a época. Tanto é que não gozava de grande popularidade junto aos soberanos. Pudera, Mêncio situava o povo como o elemento mais importante da nação, depois o espírito da terra e a agricultura, os soberanos ficavam em último. Avançando alguns séculos na história nos deparamos com a figura de Maquiavel, que ficou conhecido com sua obra: O príncipe. São intrigantes as referências históricas em relação à obra do escritor italiano, há um exemplar do século XVIII com anotações de Napoleão Bonaparte. A posteridade transformou Maquiavel em figura nada simpática, o adjetivo maquiavélico é oriundo de seu nome. Mas, interessante que algumas idéias do italiano não são maquiavélicas, mas, sim, coerentes no que concerne à liderança, principalmente na atualidade, diz ele:
“A primeira qualidade do príncipe é a qualidade dos homens que o cercam”.
A recíproca é verdadeira. Os líderes são reflexos de nossas virtudes e limitações. Fácil entender que Maquiavel se refere à lei de afinidade. Trocando em miúdos: o líder conduzirá aqueles que possuem ideais semelhantes ao seu. Indo um pouco mais além se afirma que: cada grupo tem o líder que merece.
Atualizando essa prosa compreendemos que: uma empresa na qual seu líder atua de forma ética e responsável social e ambientalmente, será repleta de pessoas responsáveis e éticas. Por isso o papel do líder é de significativa importância dentro do contexto de uma organização e do mundo. O líder terá seguidores, será o exemplo, o observado, suas atitudes tendem a ser copiadas, suas palavras passadas a diante com um forte peso. Se responsável, coerente, honesto, competente, será cercado de pessoas competentes, honestas, responsáveis. O líder deve ter a capacidade de transmitir seus conhecimentos de maneira simples e inteligível, ele é o apoio, o alicerce, a base das construções de sua equipe. Uma equipe insegura reflete um líder inseguro, uma equipe que busca culpados para seus equívocos reflete um líder que se livra das responsabilidades. O líder atual busca soluções e não culpados, como bem define Confúcio, o líder verdadeiro é uma excelência moral e ética. O líder eficaz sabe a hora correta de repreender e elogiar. Todos, de uma forma ou outra representamos o papel de líder, daí a importância de nos conectarmos com as diretrizes de uma liderança saudável. Há empresas que não respeitam o consumidor, enganadoras, intentam levar vantagem em tudo, ferem direitos alheios e jamais cogitam de seus deveres. Estas tenhamos a certeza, refletem lideranças desastradas, desencontradas, muitas vezes conseguidas através de negociatas escusas. Deveriam se atentar para o que diz Mêncio: o povo, ou seja, os liderados, os consumidores, enfim, a sociedade em primeiro lugar. O líder real pensa sempre no benefício do conjunto, na agregação de valores, na condução de uma política coerente.
Quanto mais evoluída uma organização, mais democráticos seus lideres. Quanto mais conscientes as pessoas, menos impositivos seus líderes. Quanto mais evoluído um país, mais honesto e justos seus líderes. Como diz Maquiavel: “A primeira qualidade do príncipe é a qualidade dos homens que o cercam”.
Acrescentamos, a recíproca é verdadeira, podem acreditar.

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