Cultura da paz


Texto extraído do livro "Memórias do Holocausto", escrito por Arlindo Rodrigues, inspirado pelo Espírito Rudolf, com reflexões de Wellington Balbo

Há indivíduos incríveis, verdadeiros agricultores do Bem que plantam estrelas na Terra promovendo o progresso nas áreas da cultura, ciência, tecnologia, filosofia e religião. Seus passos deixam pegadas inesquecíveis que ultrapassam a barreira do tempo e repercutem-se em benefícios imensos para mais de uma geração. O francês Pierre Weil (1924 – 2008) foi um desses agricultores do bem ao semear no mundo uma cultura de paz. Weil está no Brasil desde 1948 e em terras tupiniquins criou a Unipaz, universidade com o objetivo de educar o ser humano para uma cultura de respeito e amor ao próximo, ou seja, uma cultura voltada aos reais valores do espírito. Reitor da Unipaz desde 1987, já publicou mais de 40 livros, tornando-se nome respeitado no cenário da educação nacional e internacional. Desencarnou recentemente, mais precisamente no dia 10 de Outubro de 2008, deixando um legado de trabalho e cultura que torcemos para que influencie gerações, transformando o mundo realmente num local onde a paz reina soberana.

Interessante ressaltar que Pierre Weil, na época da Segunda Guerra Mundial trabalhou na Cruz Vermelha – entidade sediada na cidade de Genebra – Suíça - que ampara as vítimas das guerras. Seu ideal de semear a paz vem de longa data, aliás, a paz é marca registrada dos espíritos cônscios do papel que devem desempenhar no mundo.

Significativo detalhe: mesmo em épocas de guerra encontramos pessoas dispostas a colaborar de maneira amorosa para o engrandecimento humano. Enquanto as guerras explodem as granadas do ódio, da vingança, do desejo de posse a refletir a mesquinhez e imaturidade, por outro lado há quem consiga produzir em prol do bem coletivo sem envolver-se com essas tristes aspirações.

Espíritos mais esclarecidos, como era o caso de Pierre Weil, conseguem superar a tendência egoística e beneficiar multidões vitimadas pela intransigência de alguns líderes alienados quanto aos reais objetivos da existência humana. E como citamos a Segunda Guerra Mundial, imagine se à semelhança do benfeitor Pierre Weil, Adolf Hitler emprestasse seus dotes de liderança para disseminar uma cultura de paz, de respeito e de amor ao próximo? Imagine Hitler abraçando judeus e oferecendo-lhes educação, carinho, atenção. Imagine Hitler respeitando as diversidades culturais, percorrendo a multidão e socorrendo os combalidos. Impossível que isso ocorresse? Já estava escrito nos livros da vida? Não, nada estava escrito nos livros da vida, certamente a história do mundo poderia ser outra, muito melhor, sem tanto desespero, lágrimas e mortes que destruíram países e fizeram ruir economias abalando milhões de pessoas. Eis então a questão do livre arbítrio. Enquanto Pierre Weil optou pelo caminho da paz, Hitler percorreu a estrada da guerra. No entanto, forçoso admitir que toda ação gera uma reação. Weil, semblante tranqüilo, vida repleta de amigos e admiradores colherá amor, respeito, consideração. Hitler, olhos confusos e coração endurecido, colheu, certamente, dores e dissabores. São as leis da vida em sua perfeita sincronia preconizadas tão magistralmente pelos lábios inigualáveis de Jesus: “Há cada um segundo suas obras”.

Lembro-me de que quando criança vi na casa de um ex combatente brasileiro um quadro de profundo significado: um soldado abraçado a sua arma chorava copiosamente a morte de um companheiro. Acima da figura do soldado uma interrogação escrita em letras bem grandes: Por quê?

Aquele quadro calou fundo em meu coração. Por que optamos pelos caminhos da guerra, da dor, da intransigência e intolerância? Será tão difícil seguir os passos de baluartes da paz como Ghandi, Luther Hing e Pierre Weil? Acredito que não, porquanto nenhum de nós nasce para semear a guerra, em realidade, somos seres que trazemos a semente da paz em nosso coração, no entanto é preciso fazer a escolha certa e plantar estrelas, ou seja, ser de fato um multiplicador da cultura da paz!

Pensemos nisso.


Wellington Balbo

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