A Lenda de Narciso


Segundo consta da mitologia grega, Narciso, filho do deus rio-Cefiso e da ninfa Liríope era rapaz de singular beleza, no dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que teria vida longa, porém, que jamais contemplasse a própria beleza.

Certa vez, ao observar seu reflexo nas águas de um lago, apaixonou-se pela sua imagem, embevecido, ficou a observá-la até consumir-se. No lugar onde morreu Narciso, nasceu uma flor e deram a ela seu nome.

A lenda de Narciso encerra grande mensagem.

Utiliza-se o termo narcisismo para o indivíduo que tem interesse fora do comum pelo próprio corpo.

Prima-se única e exclusivamente pela beleza física, pelo corpo escultural, pela paixão exacerbada por si mesmo.

Quem se apaixona pelo corpo, não raro, esquece do espírito, todavia, quem ama o espírito, jamais esquece do corpo.

Muitos se matam literalmente, consomem drogas, remédios para emagrecimento, anabolizantes para melhorar o desempenho, tudo em nome do corpo dos sonhos.

O objetivo: serem aceitos pelos padrões estabelecidos por uma sociedade que prima mais pelas aparências e discrimina quem não segue seus ditames.

Conheci um rapaz que era apaixonado por si mesmo, julgava-se imbatível na beleza física, sua cabeça estava apenas em malhação, academia, aparência...

Jamais cogitara em beneficiar seu intelecto com a leitura de um livro, tampouco em expandir laços de afeto dedicando-se a trabalhos voluntários, pensava apenas em ser mais bonito hoje do que ontem.

Certo dia, um acidente veio lhe tirar o que em sua opinião tinha de mais precioso: beleza física. Infelizmente, no acontecimento trágico o amigo ficou deformado, por mais intervenções cirúrgicas que lhe fizeram sua aparência, que tanto amava, nunca mais foi a mesma.

O amigo amargou tempos difíceis, sentia-se órfão, vazio, sem chão, tudo que mais apreciava tinha se esvaído, entregou-se a depressão e por pouco não atentou contra a própria vida.

Contudo, hoje os tempos são outros, teve a custo da dor que refazer e modernizar sua maneira de pensar, assim, começou a dedicar-se mais a valores imortais, modificou-se, melhorou, fez tratamento de beleza para a alma.

Hoje, valoriza mais o interior do que o exterior, a arrogância de outrora, a competição que empreendia com os colegas para saber quem era o mais belo, deu lugar a humildade, tornou-se assim, mais jovial, simpático, alegre...

Tudo a favor do esporte, dos exercícios e da beleza física, por que não?

Temos inúmeros meios para que fiquemos mais belos, saudáveis, bonitos, justo utilizá-los.

Porém, fazer disso preocupação única da existência é estagnar.

Um dia, fatalmente teremos que entregar nossa máquina física às mãos do criador, portanto, melhor faremos se dedicarmos também tempo às atividades que falem à alma.

Leitura de páginas edificantes.
Dedicar-se a família e amigos.
Participar de trabalhos voluntários.
Meditar em torno de virtudes e limitações.


Assim, preferindo os valores reais e imorredouros, jamais nos afogaremos por contemplar as águas turvas do egocentrismo.


Pensemos nisso.

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