2009, ANO DOS FERIADOS

Poder trabalhar é dádiva divina, sinônimo de saúde. O trabalho ocupa a mente, mexe com a criatividade, dinamiza o corpo, alimenta a alma e coloca-nos diante de desafios e diferenças promovendo constante evolução em nosso modo de ser e pensar. E entenda-se trabalho como algo além das atividades profissionais, ou seja, toda ocupação útil e nobre podemos definir como trabalho que é autêntica lei da vida a concorrer para o progresso humano. E, ao lado do trabalho caminha o repouso, mostrando-nos os prejuízos que podem advir dos exageros. Corpo e mente necessitam do descanso para o refazimento, isto também é lei da vida.

No entanto, como trabalho demais faz mal, descanso em excesso prejudica o corpo e o bolso. Estudo realizado pela FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), mostra que neste ano de 2009 teremos prejuízos na ordem de R$.155,6 bilhões por causa dos feriados em dias úteis, ou seja, dos 12 feriados nacionais 11 cairão em dias úteis e comprometerão aproximadamente 5% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

Antes que você, caro leitor e leitora me chamem de chato, justifico-me: nada contra seu descanso ou aquele feriado prolongado para curtir a família e os filhos. È justo que assim seja, aliás, tenho convicção de que por conta da sociedade consumista dedicamos tempo em demasia às atividades profissionais relegando a família e tempo para nós mesmos a segundo plano. Todavia, os feriados são muitos, os números apontam para isso. Em um país em desenvolvimento como nosso Brasil, cheio de carências e fragilidades, não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar 5% do PIB em feriados que prejudicam o andamento da indústria, comércio e serviços. Isso sem acrescentar aqueles que são emendados. Ex: caem na quinta feira e as pessoas aproveitam a sexta, sábado e domingo. Herdamos de outrora alguns conceitos equivocados e por isso atribuímos valor negativo ao trabalho. Trabalhar? Penoso, sacrificante, difícil. Trazemos impregnados no inconsciente a herança do trabalho escravo, dos abusos e absurdos cometidos em épocas atrasadas moral e intelectualmente, e hoje, notadamente por essas razões deleitamo-nos com os feriados. Porém, os tempos da escravidão estão distanciando-se. Grande parte das empresas primam pelo respeito, boa remuneração e entende o funcionário como parte fundamental de sua estrutura. É verdade que ainda há as sugadoras sem compromisso com seu maior ativo, ou seja, seu cliente interno, o colaborador, ou melhor dizendo, o funcionário. Mas são inegáveis os avanços nas relações empregadores e empregados, de modo que, quando avançarmos ao ponto de o funcionário ver a empresa como extensão de sua família e a empresa enxergar no funcionário seu familiar, com toda certeza teremos o fim desses feriados, muitos sem qualquer significado importante, que tanto prejuízos causam à economia brasileira. A finalidade do estudo da FIRJAN é, pois, de inibir a criação de mais feriados para que não tenhamos maiores prejuízos abrindo brechas ao desemprego, essa chaga que assola a sociedade contemporânea alimentando, não raro, crimes e criminosos.

Pensemos nisso.


Wellington Balbo

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