Será que não teremos mais professores?

Viajava de Salvador para Bauru quando comecei a picotar os canais de televisão e deparei-me com uma matéria no canal GNT sobre a baixa procura aos cursos de licenciatura e, claro, a falta de professores. Tive que, uma pena, constatar a pertinência da abordagem. Isto é real. Estamos ficando sem professores. E esta é uma notícia que deve deixar a sociedade em alerta. Imagine, caro leitor, a extinção dos professores. Pense no que isso pode acarretar. Talvez você considere que eu esteja exagerando e que os “mestres” sempre estarão nas escolas. Mas, como professor, posso lhe dizer com propriedade o quão complicado está encontrar pessoas que queiram abraçar esta admirável profissão e desempenhá-la com competência. Muitos fatores contribuem para isto, o baixo salário é um deles. Mas, convenhamos: claro que não se resume a questão salarial a baixa procura pelos cursos de licenciatura. Sejamos bem sinceros: a profissão está desvalorizada e os professores perderam autoridade. Hoje, caro leitor, o professor corre risco de ser agredido e até processado caso passe um “sabão” público no aluno que estiver atrapalhando a aula. No mínimo dirão que o professor traumatizará o menino. Pasmem! Portanto, esta desvalorização moral que a sociedade impôs ao professor é um fator muito mais agudo para pouca procura pela profissão do que o tema salário. Essa desvalorização é extremamente desmotivadora. Dia desses um aluno me disse que seus pais informaram a ele que professores são aquelas pessoas que não deram certo na vida, e por isso optaram por serem professores. Portanto, na visão destes e de muitos pais os professores são frustrados que para não ficarem desempregados vão ganhar uns “trocos” dando aulas. Compreendeu a desvalorização à qual me refiro? Penso que um mundo sem professores é um mundo que não existe, um mundo vazio, um mundo sem perspectiva. Você pode ter um mundo sem bancos, sem academia, sem camping, sem boates, sem bares, sem igrejas. Mas, sinceramente, um mundo sem escola e sem professores é impossível. E, infelizmente, se continuarmos assim logo desaparecerão os professores, logo sumirão os mestres, logo cessarão aqueles que alfabetizam vossos filhos, logo fecharão as escolas. E a responsabilidade não é apenas do governo ou do baixo salário pago aos mestres, como dito acima, mas também da família que, lamentavelmente, educa mau seus filhos e os despeja na escola considerando que o professor dará jeito. Não! O professor não dará jeito no seu filho! Pense nisso. Valorize o professor. Como? Cobrando o governo por educação, mas também educando seu rebento e o ensinando a respeitar o profissional chamado professor, ou melhor: Educador! Gritos e brados por educação não funcionam se esta educação não iniciar dentro do lar. Como professor procuro valorizar meus colegas de profissão educando meus filhos. Todos deveríamos fazer o mesmo. Educar e ensinar que uma sociedade sem professores é vazia e carente de ideias, de filosofia, de progresso... O autor é colaborador de Opinião

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