Idealista

por Wellington Balbo


15 de janeiro de 1929 – Atlanta – Geórgia – EUA, vinha ao mundo uma grande figura humana, detentora de larga visão coletiva,  possuidora de interminável sede por igualdade de direitos.
Aos 19 anos, em 1948, bacharelou-se em Sociologia, porém, preferiu seguir os passos do avô e do pai, ambos pastores evangélicos,  e assim, matriculou-se no Crozer Theological Seminary, em Chester, Pensilvânia, graduando-se em Teologia em 1951.
Corria o ano de 1955, a ativista negra Rosa Parks, recusou-se a obedecer a segregação racial nos ônibus de Motgomery e ceder seu lugar a uma passageira branca, a partir disso, deu-se início um boicote aos ônibus para que houvesse um fim a segregação e Martin Luther King foi escolhido para coordenar essa ação. King tinha sólidos princípios e suas reivindicações eram baseadas na não violência, estudioso que era das lições do indiano Mahatma Ghandi, famoso pela sua postura pacífica.
King teve sua casa bombardeada, tentaram de todas as formas o intimidar, todavia, corajoso, idealista, continuou com o boicote que durou 381 dias, assim,   a corte fora obrigada a reconhecer a inconstitucionalidade da lei de segregação nos ônibus do Alabama.

King batalhou como nunca para que os direitos dos negros fossem respeitados, para que fossem tratados como seres humanos e pudessem exercer a cidadania em plenitude.
Sua luta era pela igualdade, pela união, pelo amor, seus discursos embora efusivos eram pacíficos e em 1964 conquistou o Prêmio Nobel da Paz.
Seu discurso “Eu tenho um sonho”, dá a real amostra de sua filosofia:
"Eu tenho um sonho que um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: 'Nós acreditamos que esta verdade seja evidente, que todos os homens são criados iguais.'
... Eu tenho um sonho que um dia minhas quatro crianças viverão em uma nação onde não serão julgadas pela cor de sua pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter."
Em 4 de abril de 1968 assim como Mahatma Ghandi, King foi baleado e teve seus olhos cerrados para a vida física, todavia, seus exemplos de luta pela paz e sua vida digna baseada nos princípios cristãos irão atravessar séculos.
Em o Livro dos Espíritos Cap. IX – Lei de Igualdade – na questão de nº 803 Kardec questiona os mentores espirituais:
P-803 – Perante Deus, são iguais todos os homens?
R – Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis freqüentemente: “ O sol luz para todos” e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais.”
Segue com comentário de Kardec:
Todos os homens estão submetidos às mesmas leis da Natureza. Todos nascem igualmente fracos, acham-se sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte: todos, aos seus olhos são iguais.
Vejam que o pensamento de Luther King encontra respaldo em O Livro dos Espíritos que nos mostra com clareza que somos todos iguais sem distinção e  privilégios.
Luther King fora um seareiro da justiça, um idealista da igualdade.
Sua lição de vida se expande muito além dos limites da segregação e desigualdade étnica e bate a porta de nosso coração para que sejamos idealistas  na luta por um mundo melhor, mais justo e equilibrado.
Os idealistas não se abatem com as dificuldades, com os percalços do caminho, trazem consigo a certeza de que suas idéias irão vingar em tempo oportuno e abrir caminho para que muitos se beneficiem de seus nobres ideais.
Morrem pelos seus intentos se preciso for, certa vez disse King:
“Se você não estiver disposto a morrer por algo, também não estará pronto para vivê-lo.”
Amigo leitor, imagine se nos primórdios do cristianismo,  os cristão tivessem deixado sua vontade e gana de fazer dissipar a mensagem do Cristo se arrefecer diante das intimidações e dos espetáculos proporcionados nas arenas onde eram espezinhados, humilhados e atirados as feras.
Perseguidos, não se acorvadaram, acuados, juntaram forças e prosseguiram.
É graças a esses vanguardeiros e idealistas da verdade que hoje podemos gozar de muitos benefícios em todas as esferas de atuação da humanidade.
Hoje podemos bradar que a ciência triunfou frente a intransigência de outrora, tudo graças a nobres almas que se dedicaram para que hoje pudéssemos viver sob a guante de suas luzes.
E para que não nos enfeiticemos pelo preconceito imperioso cultivar a Boa Vontade.
É ela que diferencia o homem idealista do homem comum.
O homem de boa vontade luta pelos seus ideais e transforma sonhos em metas buscando-as incansavelmente.
O homem comum começa com entusiasmo, porém, se abate diante das dificuldades e deixa seus sonhos de lado.
O homem de boa vontade chama a responsabilidade que lhe cabe.
O homem comum deposita a responsabilidade que lhe cabe em ombros alheios.
O homem de boa vontade aprende com seus fracassos e transforma-os em degraus para ascensão.
O homem comum não admite fracassos e julga equivocadamente que grandes feitos foram conseguidos sem tombos, sem tropeços.
O homem de boa vontade têm limitações, porém, possui inabalável vontade de coibir suas más tendências, suas más inclinações.
O homem de boa vontade não desfila entre os anjos  e arcanjos, o homem de boa vontade está dentro de nós, nos imos de nossa alma, esperando apenas que acordemos, que despertemos do sono da indiferença.
Engana-se quem pensa que o homem de boa vontade é apenas aquele que escreve seu nome nos livros de história, o homem de boa vontade se faz nas pequenas coisas do dia a dia.
O amigo que estende a mão, o pai que participa da vida dos filhos, o cônjuge que ama sem cobrar, o profissional que trabalha com afinco e dedicação, o religioso que não se deixa enfeitiçar pelo fanatismo.
O homem de boa vontade é aquele que transforma a vida sua e dos seus mais prazerosa, mais leve, mais suave...
E como podemos nos transformar em homens idealistas, alimentadores de esperança que agem invariavelmente pela bússola da boa vontade a nortear  ações e pensamentos?
Questionando-nos:
O que posso fazer para transformar os locais onde freqüento mais agradáveis?
De que maneira posso colaborar para que a comunidade onde estou inserido seja mais justa e fraterna?
E após questionarmo-nos, colocarmos em prática ações que farão essa modificação e irão colaborar para que se erga uma sociedade alicerçada em bases justas e fraternas.
E uma sociedade que prima pela igualdade de direitos e deveres se faz necessariamente com homens de boa vontade.
Martin Luther King, idealista, expoente da boa vontade.
Sigamos seu exemplo e façamos da boa vontade uma forma de viver.
Pensemos nisso!









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