
As visitas constantes do indesejado bichano deixaram-me pensativo e fizeram admirar demais a capacidade de doar amor que algumas pessoas têm. É notável ver como há gente preocupada com o destino dos animais. Lembro-me de uma vizinha que dedicava amor e carinho a mais de 30 gatos. Uma beleza! Atitude louvável, sem dúvida.
E lendo o Evangelho Segundo o Espiritismo deparei-me com uma página repleta de nobres ensinamentos, no tópico Amai ao próximo como si mesmo, assinada pelo Espírito Lázaro, datada do ano de 1862.
Diz Lázaro:
No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento.
Belíssimas palavras!
O amor é, de fato, a realeza de nossos sentimentos. Quando atingirmos a capacidade de amar a tudo e todos certamente gozaremos de inenarrável paz de consciência.
Aprendemos com a Doutrina Espírita que os animais são nossos irmãos menores a caminho da evolução. É necessário, obviamente, dedicar-lhes apreço e num estágio mais avançado, amor.

Entretanto, se é verdade que os animais são nossos irmãos, também é legítimo que as pessoas são nossas irmãs. Logo, o amor deve ser estendido à elas. Natural que seja assim.
E para o progresso de nosso planeta é imprescindível praticar o amor às pessoas. Não um amor teórico, escrito em páginas, mas um amor amplo, abrangente, transformador...
Sei de um amigo empresário que investe milhões em máquinas para equipar a empresa, mas também investe milhões na capacitação de seus colaboradores. Paga-lhes cursos, treinamentos, contrata equipe de palestrantes, incentiva os funcionários a estudar arcando com parte das despesas de seus estudos. Ora, capacitar os colaboradores equivale a amá-los, porque o amor instrui, esclarece e trabalha pela melhoria das criaturas.
Alguns dirão que meu amigo faz isso pelo interesse pecuniário. Posso garantir que não. Conheço-o bem e sei que seu amor pelo progresso do ser humano está acima de qualquer outro interesse. Ademais os bens acumulados ao longo dos anos garantem-lhe tranqüilidade financeira, ele não mais necessita da empresa para viver com tranqüilidade, se ainda mantém o negócio em atividade é para proporcionar condição de trabalho digna ao semelhante.
Curiosamente dia desses assisti na televisão a emocionante mobilização para desencalhar uma baleia. Todos se compadeceram da situação do mamífero e salvaram-no da morte. Beleza! A união fez a força. Essa mobilização indubitavelmente é um treinamento para o amor.
Mas, na mesma semana em que assisti a matéria na mídia televisiva visitei a cidade de São Paulo e observei muita gente deitada nas calçadas da grande metrópole, vítimas do abandono, das drogas e dos vícios degradantes e... ninguém se mobilizava para salvar esses seres humanos. São os paradoxos. Capazes de salvar uma baleia e indiferentes às dificuldades de seus irmãos de caminhada.
Amar um cachorro, por exemplo, é muito fácil. São animais carinhosos, fiéis, amigos, além do que não discordam de nosso ponto de vista, não nos aborrecem com reclamações e, tampouco criticam nossa maneira de ser e agir. As pessoas, ao contrário, discordam, reclamam e muitas vezes não agradecem. Tem crises, medos, receios e dificuldades. Equivocam-se, sofrem de mau humor, caem nas armadilhas da maledicência e etc.
Como podemos perceber urge trabalharmos nosso sentimento para aprendermos amar as pessoas. Compreender que elas não são como os cachorros, mas também têm seus valores e virtudes.
Reitero minha admiração pelas almas empenhadas em amar os animais, eu mesmo não desenvolvi essa capacidade, no entanto não posso deixar de registrar que amar as pessoas também é fundamental, embora seja, pelos motivos expostos acima, muito mais complexo.
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