Historiadores não têm como precisar quando se iniciaram as festas carnavalescas, os estudiosos do assunto falam que seu início aproximado foi no IV milênio a.C., onde no Egito foram criados os cultos agrários. Nessa época, dançava-se com máscaras e adereços em torno de fogueiras.
Tempos depois surge o carnaval pagão, que se inicia no séc VII a.C., na Grécia. No reinado de Pisistrato foi oficializado o culto a Dionísio, em que camponeses e lavradores participavam das procissões dionisíadas levando a imagem do deus Dionísio em embarcações com rodas, os chamados, carrum navalis. Nessa época a sociedade já está dividida, escravos para um lado, nobreza para outro, a pesada hierarquia mostra a faceta discriminatória do ser humano. Bebidas, orgias, sexo e permissividade ganham mais e mais espaço naquele primitivo carnaval.
Mais alguns séculos se passam e a igreja católica, cansada de ver suas intenções de proibir os cultos pagãos fracassarem, porquanto já estavam consagrados pelo costume dos povos, resolve em 590 d.C., oficializar o carnaval. As células desse carnaval estão nas cidades de Veneza e Nice, nessa época o festejo começa a ganhar um desenho mais parecido com o que vemos hoje; carros alegóricos além de pessoas mascaradas e fantasiadas começam a participar do já tradicional desfile.
E chegamos aos dias atuais, em que o carnaval, principalmente em nosso país, ganhou status de grande indústria, sendo, na opinião de muitos, um dos maiores divulgadores de nossa cultura.
É uma festa de origem pagã e que por motivos políticos foi trazida ao cristianismo. E ainda por motivos políticos permanece nos dias atuais com força em nosso país, gozando simpatia de grande parcela da população. Por alguns dias o povo se esquece das dificuldades, dos entraves de relacionamento, dos arrochos financeiros. Dias de suposta igualdade. Igualdade tão almejada pelos negros discriminados de nosso país, igualdade sonhada pelos pobres, igualdade que é motivo de desejo das mulheres...
Porém, em realidade, o carnaval apenas vende ilusão!
Há um paradigma que teima em permanecer: a de que o carnaval, a avenida e as minúsculas fantasias, são algo necessário à nossa cultura. Pura ilusão!
Como se o Brasil, nessa incomensurável imensidão de valores, de pessoas, de habilidades, regiões e costumes, ficasse refém dos festejos carnavalescos para ser melhor, mais feliz, mais forte. Pura ilusão! Seremos mais honestos e conscientes quando nos dispusermos a olhar com mais seriedade os nortes de nossa existência. Outros países respeitarão o Brasil quando nós, cidadãos brasileiros, investirmos em nossa melhoria íntima, moralizando a sociedade brasileira. Por isso é preciso quebrar o paradigma de que o Brasil é apenas o país do carnaval. Sem contar que os festejos do Rei Momo não raro provocam excessos de todos os matizes, de modo que muitos confundem libertinagem com liberdade comprometendo-se espiritualmente. E, nesse particular, para que não promovamos desordens em nosso psiquismo, há frase brilhante de Allan Kardec que podemos utilizar: “Fora da caridade não há salvação”.
O amigo leitor poderá perguntar: mas o que tem a ver a caridade com carnaval?
A caridade, caro leitor, tem tudo a ver com aproveitar bem a vida sem os excessos que tanto mal nos causam, portanto, pode ser perfeitamente aplicada ao carnaval.
A caridade que fazemos a nós mesmos nos livra dos vícios, dos desregramentos, das noites sem proveito em que surramos o corpo físico a pretexto de prazer. A caridade proporciona-nos ver também as virtudes e habilidades de nosso povo, não nos reduzindo a considerar que somos apenas o país do carnaval. A caridade mostra-nos que a finalidade de estarmos neste planeta vai muito além do que termos alguns dias de folia. É equívoco julgar que viemos aqui apenas para pular e que o Brasil nada mais é do que o país do carnaval.
Por isso, em minha opinião, o carnaval apenas vende ilusão!
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