Os acidentes de trabalho e o Espiritismo

Wellington Balbo – Bauru – SP.


Segundo Idalberto Chiavenato segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas utilizadas para prevenir acidentes seja eliminando condições inseguras do ambiente, seja instruindo ou convencendo as pessoas da utilização de práticas preventivas.

Um breve histórico sobre o assunto concernente à segurança do trabalho e os acidentes de trabalho mostram que, desde há milênios, quando começou a desenvolver as atividades necessárias a sua subsistência o homem se viu as voltas com os acidentes de trabalho. Há quatro séculos antes de Cristo, Hipócrates, considerado o Pai da Medicina, estudou algumas moléstias envolvendo mineiros e metalúrgicos.

Plínio, O Velho, que viveu antes de Cristo fez menção à moléstias no pulmão de alguns mineiros, e falou sobre o envenenamento proveniente das atividades que eram desenvolvidas com ferro e zinco.

Paracelso investigou doenças ocupacionais no século XVI. Aliás, Paracelso em 1697 foi o autor da primeira monografia que versava sobre o assunto: trabalho e doença.

Em 1700, na Itália, Bernardino Ramazzini costumava perguntar aos seus pacientes: “Qual sua ocupação?”. Uma clara demonstração de que o tipo de trabalho de seu paciente influenciava decisivamente em sua enfermidade. O médico Ramazzini é considerado o “Pai da Medicina do Trabalho”. Publicou no ano de 1700 um livro que se repercutiria pelo mundo todo, seu nome: “"De Morbis Artificum Diatriba", uma obra notável que trata de 100 profissões distintas e o risco que cada uma oferece à saúde do trabalhador.

Percebe-se, portanto, que desde muito tempo o homem descobriu a co relação existente entre: segurança, acidente de trabalho, enfermidades e doenças ocupacionais.

Porém, embora as pesquisas que tocam no assunto acidente de trabalho sejam antigas nem sempre medidas preventivas ou básicas de segurança foram tomadas. No Brasil, por exemplo, muitas lutas por parte dos trabalhadores foram empreendidas no sentido de melhorar as condições de segurança do trabalho, isso ainda antes do advento da industrialização no século XIX, mas pouco foi conseguido nessa época. Não havia uma conscientização de que a segurança do trabalhador era importante e influenciava também na produtividade da empresa.

Nos anos 1960, o Brasil recebeu a infeliz alcunha de “Campeão nos Acidentes de Trabalho”. As mudanças precisavam ser realizadas com urgência, por isso os conceitos de prevenção e higiene ocupacional ganharam algum impulso, contudo somente no final dos anos 1970 é que o Brasil foi ter uma legislação melhor formulada, entretanto o desgaste internacional já havia ocorrido.

E ainda nos dias de hoje o Brasil está no grupo dos cinco países com o maior número de mortes por acidentes de trabalho. Dados que datam do ano de 2004 informam que só no citado ano foram 2.400 mortes de trabalhadores. O estado de São Paulo corresponde por 50% desse número de mortes, ou seja, 1.400 mortes. São dados alarmantes, caro leitor.

No Brasil ainda prevalece uma cultura imediatista que visa resultados a curto prazo. Quem emprega e visa somente números se esquece de fatores fundamentais, como, por exemplo, a segurança do trabalhador. Empregadores imediatistas e que visam somente o número são, portanto, os grandes responsáveis pelo Brasil ainda trazer índices alarmantes no assunto que versa sobre os acidentes de trabalho.

Fica a pergunta:

Será que havia chegado realmente a hora dessas criaturas deixarem o planeta Terra e retornarem ao mundo dos Espíritos?

Certamente que não, essas mortes por acidentes de trabalho são frutos da indiferença e negligência com que o homem costuma tratar seu semelhante.

Daí a necessidade da divulgação das lições que ensina o Espiritismo porque ele – o Espiritismo - atua de forma a combater o materialismo e, por conseguinte a extirpar a indiferença e negligência em que norteiam as ações de uma humanidade ainda carente de valores éticos e de respeito ao próximo.

É o próprio Codificador que define com clareza o objetivo principal do Espiritismo. Em artigo publicado na Revista Espírita de agosto de 1865, Kardec afirma “... o Espiritismo tende para a regeneração da Humanidade, este é um fato adquirido. Ora, esta regeneração não podendo se operar senão pelo progresso moral, disto resulta que seu objetivo essencial, providencial, é a melhoria de cada um...”

Fácil então compreender a relação que há entre Espiritismo e a diminuição ou mesmo erradicação das mortes que envolvem pessoas em pleno desempenho de suas atividades profissionais. Ao promover a melhora do individuo o Espiritismo promove por conseqüência a melhora das instituições, governos e cidades que estão sob sua coordenação, ao mesmo tempo em que despertar a consciência do Ser para a importância da reencarnação. Valorizar a vida e as pessoas em nossa volta, eis a chave que abre as portas de um mundo melhor. O Espiritismo ensina isso, cabe-nos, portanto, divulgá-lo a fim de que ocorra a tão sonhada revolução social que nos torna criaturas mais felizes e aptas a compreender nosso verdadeiro papel no mundo.

Pensemos nisso.



Bibliografia:

KARDEC, Allan. Revista Espírita agosto 1865.

Carrara e Coelho. Ontem e hoje com Kardec: sempre atual. 1.ed. São Paulo, Mythos Books, 2008.

Nenhum comentário: